Por esses dias recebemos uma notícia que em princípio seria animadora para nossa luta de controle populacional: "Produto injetável substitui a castração cirúrgica de cães machos"
Leia trechos da matéria:
"A castração cirúrgica não é mais a única alternativa para o controle da população de cães machos. Está chegando ao mercado Infertile, um método humanitário, eficaz e permanente de esterilização, de baixo custo e inédito no Brasil. O produto foi desenvolvido no país, e agora é comercializado pelo Centro de Planejamento de Natalidade Animal (CPNA), instituição com sede em São Paulo focada na realização de campanhas de esterilização e vacinação de pequenos animais. ...a injeção provoca a esterilização química de cães machos por meio da calcificação dos vasos dos testículos. Soto esclarece ainda que o principal componente do produto é o zinco. “Por não ser necessário o uso de anestesia geral e sedação, o Infertile oferece menos riscos aos animais e representa um método de esterilização química permanente, a partir da aplicação intratesticular (uma dose em cada testículo, podendo ser necessárias duas doses).”
No entanto, pessoas conceituadas já estão posicionando-se contra o uso desta injeção pois, de acordo com elas, o método causaria dor e haveria possibilidade de doenças com o decorrer do tempo, como câncer. Leia a seguir dois pareceres.
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PARECER 1
Quanto mais eu me informei sobre o assunto, mais preocupado fiquei, e sugiro que todos, protetores e veterinários, também se preocupem.
São duas injeções de gluconato de zinco, de até 2,0 ml, aplicada uma em cada testículo, e talvez uma segunda dose tempos depois. Não precisa ser veterinário o aplicador. Com o tempo, o produto provoca uma isquemia e o testículo vai se transformando em uma fibrose. Se a aplicação provoca muita dor, não vou afirmar, mas posso desconfiar. Se o lento processo de fibrose provoca uma dor constante, ainda não sabemos. Em quantos animais surgirá uma ulceração e deverão ser posteriormente castrados, ainda não sabemos, mas temos más notícias vindas do co-irmão México. Se o depósito deste metal causará tumores com o passar dos anos, também ainda não sei, mas tem uma coisa que eu sei: jamais a um produto testado no Brasil em apenas 11 animais poderia ser consentida a venda e distribuição de milhares de doses. O produto foi certificado no Ministério da Agricultura com um trabalho simplista e diminuto, e que só levou em conta se o produto causa esterilidade ou não. Uma afronta ao bom senso! Em momento algum foi avaliada a questão do bem-estar animal. Nenhum teste, dos vários disponíveis foi realizado neste sentido. Jamais um produto para uso humano seria ou será liberado para uso em larga escala após testar em apenas onze pessoas. Por que para cães poderia? E muitas outras coisas ainda não entendi: porque um produto não usado nos EUA, nem na Europa, e mal sucedido no México, deve ser introduzido dessa forma no Brasil? Como empresários da industria farmacêutica, de uma hora para outra ficaram preocupados com o abandono de animais? Por que houve tanta ingenuidade de figuras conceituadas da proteção animal dando apoio a um projeto tão estapafúrdio e precipitado? Dos vários “pais” da criança, suspeito que nenhum teve a coragem de testar o produto em seus próprios animais, mas agora sugerem que as prefeituras façam de cobaias os já tão sofridos animais de rua ou de comunidades pobres das periferias. Pense na cena, capturar um animal abandonado, segurá-lo com as patas para cima, e no chão, aplicar lentamente duas injeções em seus testículos. Não consigo imaginar o sucesso. Impraticável sem anestesia, e crueldade se não for acompanhado de um protocolo de analgésicos e anti-inflamató rios. E se optar pela anestesia, acaba a vantagem financeira do negócio.
O futuro pode até me convencer que eu esteja errado, mas por hora fico com a impressão que estão nos confundindo com regiões africanas onde se fazem testes que os americanos não aceitam em suas terras.
Fora isso tudo, todos sabem da inutilidade de se esterilizar parcialmente uma população de machos, sendo que apenas um remanescente poderia fecundar diversas fêmeas.
Até que várias questões se esclareçam e que trabalhos científicos amplos, que levem em consideração a saúde e o bem-estar dos animais, sejam efetivamente levados a termo, não recomendo este método de controle populacional e conclamo que a sociedade e em especial a Anclivepa-SP, Associação dos Clínicos Veterinários de Pequenos Animais de São Paulo e o CRMV-SP, Conselho Regional de Medicina Veterinária de São Paulo, imediatamente acionem seus departamentos jurídicos para suspender a comercialização e a farta distribuição gratuita que está em curso deste produto. Aplico na questão do controle reprodutivo, um antigo ditado: Muito faz quem não atrapalha!
Wilson Grassi
Médico Veterinário crmv-sp 8611
Diretor da Associação dos Clínicos Veterinários de Pequenos Animais de São Paulo
Autor do livro "Seja Vegano"
Membro da Sociedade Vegetariana Brasileira
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PARECER 2:
Mensagem recebida pela Miriam/SOPAES, de Marisa Antoniazzi, de Almirante Brown, na Argentina, cidade onde o modelo de castração, educação e adoção funciona há aproximadamente 15 anos e conseguiu efetivamente controlar a população animal. O programa foi implantado em outras cidades da Argentina, Chile, e inspira projetos no mesmo sentido (o projeto da SOPES é baseado neste modelo). Marisa esteve presente no I SIMPOSIO CAPIXABA DE MEIO AMBIENTE E FAUNA URBANA, realizado dias 14 e 15 de março de 2008 em Vila Velha, pela SOPAES com apoio da AMAES e PMVV.
-------Mensagem original-------
De: MARISA
Data: 05/03/2009 20:29:46
Para: Projetos - SOPAES
Assunto: Re: RESPOSTA - Esterilização química - vamos abrir os olhos!
ESte Método é UN HORROR... MIRIAM REPASSA PRA TODAS AS ONGS. E EXPERIMENTAÇAO, È SÓ GASTO DE DINHEIRO E DOR SOMENTE. SEM BENEFICIOS PARA OS ANIMAIS.
MARISA ANTONIAZZI
Asociación Amigos del Centro Municipal de Sanidad Animal Alte. Brown / Buenos Aires / Argentina
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Por tudo isso, vale a pena obtermos maiores informações sobre o assunto antes de comemorarmos o divulgado "possível fim das cirurgias de castração". O controle da população de cães e gatos deve ser feito SEM SOFRIMENTO PRESENTE OU FUTURO PARA O ANIMAL. Fiquemos atentos para as notícias sobre o assunto...